quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A mágica dos 6 anos de idade!

Ou "As imbecilidades de uma legislação que não funciona"

Tema do momento, a idade mínima para poder ser matriculado no Ensino Fundamental deveria passar a ser 6 anos completos até o dia 31 de março. Assim diz o parecer do MEC, aprovado em 2010. Mas uma liminar (mais um lance de muitos que prometem acontecer) acaba de dizer que é possível matricular crianças mais jovens.

Procurando compreender ambos os lados, acredito que todos têm um pouco de razão na questão. Logo, todos têm muito de irracionalidade! Vejamos...

LDB

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional quis dar liberdade às redes e às escolas para que o projeto educativo pudesse espelhar a comunidade local. O problema é que não avisaram os legisladores, que continuam procurando entulhar a educação de leis, entupindo a grade curricular de matérias em detrimento de português e matemática (apenas como exemplo).

Voltemos ao nosso assunto:

- no artigo 4º, inciso IV, diz-se que é dever do Estado "atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade". Com a alteração do Fundamental, fica a pré-escola até 5 anos e fundamental (agora com 9 anos de duração) a partir dos 6 anos.

- no artigo 6º avisa que "É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de idade, no ensino fundamental." - lembrando que agora é a partir dos 6 anos.

- o artigo 23 faz uma distinção importante: "A educação básica poderá organizar -se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar."
O parágrafo deste artigo também é importante: "§ 1º. A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais." (negritos por minha conta)

Portanto, em que pese haver uma definição de idade, a LDB não pretendia fixar este quesito como algo essencial para a escolaridade do aluno. Tudo dependeria de uma avaliação mais abrangente - até incluindo a idade.

A PRÁTICA

Mas o que aconteceu na prática? Vou generalizar, mesmo sabendo que nem todos cabem nesse perfil...

A ansiedade dos pais em educar os filhos, em fazê-los "ganhar tempo" de vida, faz com que procurem a escola cada vez mais cedo. Querem alfabetizar as crianças o quanto antes possível e sentem-se felizes quando elas balbuciam leitura de outdoors, placas, revistas.

De outro lado escolas que não se sentem capazes de "lutar" contra as ansiedades dos clientes e aceitam as crianças sem avaliações ou com um mínimo de exigência.

Sim, acredito que o espírito que levou à confecção do parecer do CNE é válido: existem exageros no uso da liberdade dada em detrimento das crianças, que sofrem consequências ao começar antes do tempo. Mas para coibir exageros parece que exagerou na dose...

REMÉDIO MUITO FORTE

O certo seria conter excessos! Mas o CNE quis aplicar um remédio forte demais: ninguém pode, ninguém deve, ninguém tem condições. Claro exagero!

Vale observar frases do despacho do juiz ao acatar a liminar: a resolução "põe por terra a isonomia, deixando que a capacidade de aprendizagem da criança individualmente considerada seja fixada de forma genérica e exclusivamente com base em critério cronológico", disse o juiz. E ainda argumentou que permitir que uma criança que completa seis anos seja matriculada e impedir que outra que faz aniversário um mês depois não o seja "redunda em patente afronta ao princípio da autonomia". A decisão também questiona a base científica para definição da idade de corte.

Talvez fosse o caso de um parecer sugerindo processo mínimo necessário para garantir que o melhor momento para a criança seja respeitado. Mas nunca simplesmente proibir, nunca simplesmente pela idade.

A falta de bom senso das famílias e a falta de bom senso das escolas levou a uma falta de bom senso dos legisladores... E todos perdemos com isso!

Principalmente as crianças, aqueles que todos dizemos querer proteger...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sermão da Montanha (versão educador)

Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.

Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.
Tomando a palavra, disse-lhes:
- Em verdade, em verdade vos digo:
Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Felizes os misericordiosos, porque eles...

Pedro o interrompeu:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André perguntou:
- É pra copiar?

Filipe lamentou-se:
- Esqueci meu papiro!

Bartolomeu quis saber:
- Vai cair na prova?

João levantou a mão:
- Posso ir ao banheiro?

Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou:
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou:
- Vai valer nota?

Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.

Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?
Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica?
Quais são os objetivos gerais e específicos?
Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?

Caifás emendou:
- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas?

- E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?
Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade.

- Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto. E vê lá se não vai reprovar alguém!

E, foi nesse momento que Jesus disse:
-Senhor, por que me abandonastes...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Com chapeu alheio

Especialidade dos políticos, fazer-se de bonzinho com sacrifício dos outros está se tornando regra... É uma pena.

Agora é a ideia da meia entrada: Câmara dos Deputados aprova meia-entrada para jovens de 15 a 29 anos (O Estado de São Paulo). Ok, o projeto até diz de dotação orçamentária específica para isso. Mas...

Meia entrada para menores, para jovens, para idosos. Haverá subsídio em impostos e taxas? Bem, ainda assim, lá na ponta, quem paga a conta somos nós! Não existe mágica!

Assim, proponho uma alternativa: novo projeto, concedendo meia entrada também aos trabalhadores e aos desempregados. Assim todos serão contemplados, não? Vantagens:

1) Políticos podem continuar posando de bonzinhos (deram benesses a todos)!
2) Todos sentir-se-ão contemplados e acaba o sentimento de "esquecido".
3) Os proprietários dos estabelecimentos poderão dobrar o valor do ingresso e cobrar meia entrada de todo mundo! Ainda recebem subsídios - portanto, também ficam satisfeitos.

Simples não? Todos contentes, muito tempo gasto em discussões e tudo ajeitado... O único prejudicado nisso tudo: o bom senso! Mas ele já está acostumado... :-(

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Como promover a melhor comunicação entre o mundo adulto e mundo adolescente?

Interessante perceber que num mundo onde a comunicação é cada vez mais facilitada, tem-se justamente mais dificuldades para se comunicar... Hoje tudo é on line, on time, imediato e visual. Celulares, tablets, notebooks, todos com câmera e microfone permitem um excesso de comunicação.

Sim, excesso! Tem comunicação demais! Pode ser sufocante! Talvez desta constatação venha a primeira resposta à pergunta-título: como tudo na vida, um pouco de bom senso não faz mal a ninguém. Não comunicar é ruim, mas comunicar demais também não é positivo.
Para continuar a resposta, teríamos que discutir qual é o mundo do adulto e qual é o mundo do adolescente — impossível neste espaço.

É comum ver adultos que não se preocupam nem em ouvir o que acontece no mundo jovem-adolescente. Sob alegações generalistas e preconceituosas (“só querem fazer barulho”, “não respeitam ninguém”, etc.), cortam toda e qualquer comunicação.

Outros adultos caíram na arapuca social de endeusar o novo e pretendem ser eternamente jovens — o que só os torna pseudo-adolescentes fora da idade.

Por outro lado, adolescentes não querem mais ouvir, não têm paciência com os adultos. Nada que vier deles serve, pois eles já estão ultrapassados.

É o choque de gerações, que sempre existiu, mas agora está muito mais acentuado. Como fazer a melhor comunicação entre eles?

Uma das características mais importantes no mundo atual é a compreensão das diferenças culturais. Acredito que podemos incluir nessas diferenças as que existem entre as gerações. Procurar entender, dar-se tempo de ouvir o que o outro tem a dizer. Lembrar que comunicação supõe dois lados e, portanto, ouvir e falar. Compreender. Seria um ótimo começo.

Mas não basta. É preciso compreender os papéis. O adolescente busca no adulto algumas referências, ainda que inconscientemente. Se o adulto quiser ser “bonzinho”, vai faltar quem lhe imponha regras. Por mais que o adulto esteja “ultrapassado”, o adolescente tem o que aprender com ele sim. Saber dizer sim e saber dizer não é uma dificuldade dos adultos de hoje, que atrapalham a comunicação.

Concluo e resumo com uma “resposta final” (mas não definitiva): estar aberto ao outro é a condição essencial para haver comunicação. Vou traduzir por “boa vontade”... Com boa vontade, a comunicação será certamente melhor, não?

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Artigo originalmente postado no portal EducarBrasil:

terça-feira, 19 de julho de 2011

Desequilíbrio

Cada vez mais temos "gente perdida" no mundo moderno. Gente que não percebe onde e como está, que não quer a velocidade das coisas como está, que não gosta do rumo das coisas. E o mundo continua mudando, cada vez mais rápido!

Lembra um pouco a ideia do pêndulo: se um momento puxa para um lado, a reação contrária é relativamente tão forte quanto, puxando o pêndulo para o lado contrário. O pêndulo no centro fica para bem mais tarde, depois de muito ir e vir...

É o equilíbrio que buscamos (ou deveríamos buscar) que se mostra cada vez mais difícil de conseguir. Saber abraçar as novidades tecnológicas sem esquecer o humano. Conviver com a tecnologia sem fazer dela um deus - ou um diabo. Expor-se nas redes sociais mas com limites. Ter amizades virtuais e cultivar as presenciais.

A própria natureza tem se mostrado sábia neste sentido. Estudo recente prova que a ação do homem, ao reduzir os predadores na natureza põe em perigo todo um ecossistema. (Veja matéria na agência Fapesp: "A falta dos grandes predadores") A redução de lobos fez aumentar número de cervos que comendo mais plantas fez reduzir o número de castores, que...

O desequilíbrio de um afeta o equilíbrio de todos! Este nosso ecossistema cada vez mais delicado chamado "mundo globalizado" exige equilíbrio geral. Um país com gripe resulta em resfriado em todo o mundo. Um país com problemas financeiros afeta a economia mundial (veja Grécia, Itália e outros recentemente). Uma pessoa paranóica mata vários transeuntes no supermercado ou na escola...

Que falta que o equilíbrio faz! E como estamos com falta de equilíbrio! Como seria bom recuperar o bom senso... Vamos começar?

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Bom remédio! Mal aplicado...

Nestes dias, duas polêmicas aparentemente sem ligação entre si estão sendo noticiadas. "MEC sugere não reprovar aluno nos três primeiros anos do Fundamental" (Bom Dia Brasil) e "DNA de negros e pardos do Brasil é muito europeu" (FSP, para assinantes).

Em comum o fato de poderem ser bons remédios, mas usados de maneira errada... Explico.

A questão da progressão continuada já está sendo discutida há tempos (e execrada na maioria das vezes). Qual o motivo de instituir a progressão? Reduzir a evasão escolar. Qual a ação que de fato reduziria a evasão escolar? Recuperação paralela, constante e atuante - entre alguns outros fatores. Então por que insistir no remédio errado? A meu ver, o governo não tem condições de aplicar a recuperação nas escolas. Então aprova-se por decreto! Não é a progressão continuada que está errada ou que oferece problemas. É um empurrar com a barriga dos governantes...

Na questão das cotas vejo o mesmo problema. Qual o ideal? Que qualquer criança, de qualquer raça, tenha escola de qualidade desde a educação infantil. O governo até deu um bom passo nesse sentido ao institucionalizar o fundamental de 9 anos e forçar a existência da educação infantil. Mas a cota racial na universidade é querer aprovar por decreto, mais uma vez! Se os negros (na verdade os pobres) não conseguem entrar no ensino superior, são classificados "à força"...

A cota enfrenta ainda outros pontos polêmicos:
- Por que não cota social?
- Quem é negro, pardo, mulato, branco? (vide a matéria acima)
- Quem define quem é de qual raça?

Eis portanto o ponto em comum: na impossibilidade de resolver em curto prazo da maneira definitiva, parte-se para uma solução temporária e arbitrária. As soluções corretas deveriam vir logo atrás, mas ainda não vemos isso acontecer...

Uma pena...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Participação do setor privado em creches cresceu em 2010

Enquanto em toda a educação básica as particulares têm 14,7% dos alunos, no atendimento às crianças de zero a 3 anos, 34,4%

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 06/01/2011 18:12




A conhecida falta de vagas em creches públicas abre mercado para o setor privado ampliar a sua participação nesta etapa de ensino. De acordo com o último Censo Escolar, a rede particular foi responsável pelo atendimento de 34,4% dos alunos de zero a três anos em 2010, enquanto em 2009 o porcentual era de 33,9%. Em toda a educação básica, a parcela do setor privado é de 14,7%.

O total de vagas em creches cresceu em todos os setores no ano passado, mas a ampliação foi maior no setor privado. Nas redes municipais e estaduais foram criadas 100 mil novas vagas, que representam um incremento de 7,5% no total existente antes. Nas particulares, surgiram 67,5 mil vagas que representam 10,5% a mais do que havia em 2009.

Para Roberto Prado, gerente da Rede Católica de Educação, a falta de unidades públicas suficientes é o principal motivo para o crescimento do setor privado. Ao contrário do ensino fundamental e médio – em que os pais podem escolher entre colocar os filhos em escolas do governo ou pagar particular - não há creches públicas suficientes para a demanda total e, em muitos casos, a única alternativa é a matrícula em uma unidade particular.

Na opinião de Prado, a mudança no ensino fundamental, de 8 para 9 anos, também ajudou a criar novas vagas. Com a transferência das crianças de 6 anos da educação infantil (etapa entre a creche e o fundamental) para o primeiro ano, muitas escolas se tornaram também creches para atender crianças mais novas. “Enquanto faltarem vagas nas públicas, todas as que forem criadas nas particulares vão sendo preenchidas, mesmo que para isso a mulher gaste boa parte do seu salário”

Classe média e financiamento público
O vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particulares de São Paulo, José Augusto Mattos Lourenço, concorda e enfatiza a interferência da melhora no poder econômico das famílias. “Com a melhora na economia, é uma tendência natural o aumento de matrícula nas particulares.”

O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) estima que, entre as particulares, metade tenha convênio com prefeituras ou estados e, desta forma, tenha financiamento parcial do setor público.

Não existe um número exato do déficit total de vagas em creches no Brasil. Sabe-se que hoje há 2 milhões de matrículas nesta etapa de ensino enquanto a seguinte, pré-escola, que vai dos 3 aos 5 anos, tem 4,7 milhões e as séries iniciais do ensino fundamental 16,7 milhões, o que sinaliza que cerca de 10 milhões atravessaram a fase da vida relativa à creche sem estudar.

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Esta foi a notícia no portal Último Segundo / iG:
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/participacao+do+setor+privado+em+creches+cresceu+em+2010/n1237927634829.html

A repórter, Cinthia, lembra algo que passou despercebido por mim na hora da conversa: quando metade das creches possui convênio com o poder público, temos que o poder público investe na creche - e de uma maneira inteligente, já que é mais barato financiar essas escolas do que construir e manter a escola pública!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Invasões

Notícia da Folha de São Paulo de hoje (04/jan/2011) chamou-me atenção. "Bioinvasor pode causar megaextinção" (para assinantes).

Uma das maiores extinções do passado foi causada por invasão biológica, e não por algum cataclisma como normalmente se suporia. Invasão biológica é o nome da ocorrência de uma espécie não nativa chegando a determinado loval: sem predadores naturais, viram pragas quase incontroláveis...

Duas observações distintas que me ocorreram:

1) E o homem, na tentativa desastrada de brincar de Deus, está causando cada vez maior rebuliço na natureza, importando espécies e espécimes de um local para outro...
Nos dias de hoje, a invasão biológica é muito mais possível - por ação do homem! A matéria comenta algo a esse respeito.

2) Acho possível traçar um paralelo com a sociedade... Na América latina, a chegada dos "bioinvasores" europeus causou uma extinção de várias raças indígenas locais.
Na verdade seja com seu semelhante, seja na natureza, parece-me que o ser humano ainda não aprendeu a conviver. Age como uma praga!
A continuar assim, tenha certeza que a natureza irá se vingar...

E se este Blog é sobre educação, fica a conclusão: estamos muito acostumados a falar de ecologia, de preservação da natureza. As vezes parece-me faltar discussão sobre como salvar o homem dele mesmo...

Classe C ainda enfrenta resistência de empresas

É o título de matéria de hoje na Folha de São Paulo (para assinantes). Tem relação muito forte com meu artigo recém publicado "Rede particular precisa se preparar para receber classe C". Por isso, transcrevo abaixo algumas frases da matéria:

"Somente 20% dos profissionais consideram estar de fato preparados para fazer negócios em um mercado que movimenta cerca de R$ 900 bilhões"

"A falta de conhecimento e a comunicação inadequada são apontadas como as principais dificuldades para atingir o mercado em ascensão."

"O mundo corporativo não fala a mesma língua do consumidor popular. Não adianta apenas baixar o preço, diminuir a embalagem ou piorar a qualidade dos produtos"

"Ou você fala diretamente para esse público ou, ao assistir a uma propaganda, ele vai pensar: esse produto é bom para o meu patrão"

"O desafio para as multinacionais é entender, diz Aron, que as margens de lucro serão menores se comparadas às dos produtos vendidos a outros públicos. "A empresa erra porque "se breca" no lucro, mas esquece que vai ganhar na quantidade. Tem de haver uma mudança de cultura na cabeça dos gestores", afirma o diretor."

Matérias correlatas continuam a nos alertar:

"O consumidor desse grupo se afasta de locais que considera muito chiques, de pessoas que ficam olhando para ele e falam de um "jeito diferente" do dele"

"Para esses consumidores, o que pesa não é mais a exclusão econômica, diz o publicitário, mas sim a comportamental.
As principais necessidades apontadas, em entrevistas com consumidores da faixa de renda de R$ 1.000 a R$ 2.000, são: saber falar e se vestir de acordo com os lugares, cuidar da aparência pessoal, saber se comportar em um "bom" restaurante e ter modos e hábitos considerados corretos."

"É preciso enxergar o que busca esse novo consumidor e falar com ele, sempre considerando as diferenças socioculturais. Nossa experiência mostra que cada vez menos esse grupo aspira se integrar culturalmente às classes mais favorecidas"

Agora retome meu artigo... e caso queira atingir essa classe econômica com sua escola, reflita!