quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Participação do setor privado em creches cresceu em 2010

Enquanto em toda a educação básica as particulares têm 14,7% dos alunos, no atendimento às crianças de zero a 3 anos, 34,4%

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 06/01/2011 18:12




A conhecida falta de vagas em creches públicas abre mercado para o setor privado ampliar a sua participação nesta etapa de ensino. De acordo com o último Censo Escolar, a rede particular foi responsável pelo atendimento de 34,4% dos alunos de zero a três anos em 2010, enquanto em 2009 o porcentual era de 33,9%. Em toda a educação básica, a parcela do setor privado é de 14,7%.

O total de vagas em creches cresceu em todos os setores no ano passado, mas a ampliação foi maior no setor privado. Nas redes municipais e estaduais foram criadas 100 mil novas vagas, que representam um incremento de 7,5% no total existente antes. Nas particulares, surgiram 67,5 mil vagas que representam 10,5% a mais do que havia em 2009.

Para Roberto Prado, gerente da Rede Católica de Educação, a falta de unidades públicas suficientes é o principal motivo para o crescimento do setor privado. Ao contrário do ensino fundamental e médio – em que os pais podem escolher entre colocar os filhos em escolas do governo ou pagar particular - não há creches públicas suficientes para a demanda total e, em muitos casos, a única alternativa é a matrícula em uma unidade particular.

Na opinião de Prado, a mudança no ensino fundamental, de 8 para 9 anos, também ajudou a criar novas vagas. Com a transferência das crianças de 6 anos da educação infantil (etapa entre a creche e o fundamental) para o primeiro ano, muitas escolas se tornaram também creches para atender crianças mais novas. “Enquanto faltarem vagas nas públicas, todas as que forem criadas nas particulares vão sendo preenchidas, mesmo que para isso a mulher gaste boa parte do seu salário”

Classe média e financiamento público
O vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particulares de São Paulo, José Augusto Mattos Lourenço, concorda e enfatiza a interferência da melhora no poder econômico das famílias. “Com a melhora na economia, é uma tendência natural o aumento de matrícula nas particulares.”

O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) estima que, entre as particulares, metade tenha convênio com prefeituras ou estados e, desta forma, tenha financiamento parcial do setor público.

Não existe um número exato do déficit total de vagas em creches no Brasil. Sabe-se que hoje há 2 milhões de matrículas nesta etapa de ensino enquanto a seguinte, pré-escola, que vai dos 3 aos 5 anos, tem 4,7 milhões e as séries iniciais do ensino fundamental 16,7 milhões, o que sinaliza que cerca de 10 milhões atravessaram a fase da vida relativa à creche sem estudar.

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Esta foi a notícia no portal Último Segundo / iG:
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/participacao+do+setor+privado+em+creches+cresceu+em+2010/n1237927634829.html

A repórter, Cinthia, lembra algo que passou despercebido por mim na hora da conversa: quando metade das creches possui convênio com o poder público, temos que o poder público investe na creche - e de uma maneira inteligente, já que é mais barato financiar essas escolas do que construir e manter a escola pública!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Invasões

Notícia da Folha de São Paulo de hoje (04/jan/2011) chamou-me atenção. "Bioinvasor pode causar megaextinção" (para assinantes).

Uma das maiores extinções do passado foi causada por invasão biológica, e não por algum cataclisma como normalmente se suporia. Invasão biológica é o nome da ocorrência de uma espécie não nativa chegando a determinado loval: sem predadores naturais, viram pragas quase incontroláveis...

Duas observações distintas que me ocorreram:

1) E o homem, na tentativa desastrada de brincar de Deus, está causando cada vez maior rebuliço na natureza, importando espécies e espécimes de um local para outro...
Nos dias de hoje, a invasão biológica é muito mais possível - por ação do homem! A matéria comenta algo a esse respeito.

2) Acho possível traçar um paralelo com a sociedade... Na América latina, a chegada dos "bioinvasores" europeus causou uma extinção de várias raças indígenas locais.
Na verdade seja com seu semelhante, seja na natureza, parece-me que o ser humano ainda não aprendeu a conviver. Age como uma praga!
A continuar assim, tenha certeza que a natureza irá se vingar...

E se este Blog é sobre educação, fica a conclusão: estamos muito acostumados a falar de ecologia, de preservação da natureza. As vezes parece-me faltar discussão sobre como salvar o homem dele mesmo...

Classe C ainda enfrenta resistência de empresas

É o título de matéria de hoje na Folha de São Paulo (para assinantes). Tem relação muito forte com meu artigo recém publicado "Rede particular precisa se preparar para receber classe C". Por isso, transcrevo abaixo algumas frases da matéria:

"Somente 20% dos profissionais consideram estar de fato preparados para fazer negócios em um mercado que movimenta cerca de R$ 900 bilhões"

"A falta de conhecimento e a comunicação inadequada são apontadas como as principais dificuldades para atingir o mercado em ascensão."

"O mundo corporativo não fala a mesma língua do consumidor popular. Não adianta apenas baixar o preço, diminuir a embalagem ou piorar a qualidade dos produtos"

"Ou você fala diretamente para esse público ou, ao assistir a uma propaganda, ele vai pensar: esse produto é bom para o meu patrão"

"O desafio para as multinacionais é entender, diz Aron, que as margens de lucro serão menores se comparadas às dos produtos vendidos a outros públicos. "A empresa erra porque "se breca" no lucro, mas esquece que vai ganhar na quantidade. Tem de haver uma mudança de cultura na cabeça dos gestores", afirma o diretor."

Matérias correlatas continuam a nos alertar:

"O consumidor desse grupo se afasta de locais que considera muito chiques, de pessoas que ficam olhando para ele e falam de um "jeito diferente" do dele"

"Para esses consumidores, o que pesa não é mais a exclusão econômica, diz o publicitário, mas sim a comportamental.
As principais necessidades apontadas, em entrevistas com consumidores da faixa de renda de R$ 1.000 a R$ 2.000, são: saber falar e se vestir de acordo com os lugares, cuidar da aparência pessoal, saber se comportar em um "bom" restaurante e ter modos e hábitos considerados corretos."

"É preciso enxergar o que busca esse novo consumidor e falar com ele, sempre considerando as diferenças socioculturais. Nossa experiência mostra que cada vez menos esse grupo aspira se integrar culturalmente às classes mais favorecidas"

Agora retome meu artigo... e caso queira atingir essa classe econômica com sua escola, reflita!