Nos últimos dias tivemos uma série de notícias envolvendo a escola privada. Vale a pena tentarmos analisá-las em conjunto.
No portal "Folha Online" a manchete anunciava que "Educação exige presença do setor privado". Especialistas de 120 países, reunidos em Doha (Qatar) chegaram a esta conclusão. Afirma-se que somente os Governos não conseguirão dar conta de garantir o direito à Educação. Tema polêmico, mas "mesmo gestores que sempre defenderam o financiamento estatal como modelo único para a universalização da educação, caso do ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, começam a jogar a toalha." Há, sim, um importante papel da educação privada - mesmo sendo secundário, alternativo, complementar.
Outra notícia (agora no portal Terra, falando do Censo do Ensino Superior, lembra "Brasil: 75% dos estudantes estão em universidades privadas". O ensino superior é, de fato, surpreendente no país. O governo federal se vangloria de aumentar a quantidade de jovens com ensino superior. Mas o próprio MEC reconhece que não conseguirá atingir a meta de 30% dos jovens até 2011. E o que consegue, é graças a grande ajuda no setor privado.
E o Estadão nos conta que em São Paulo, "Professor de escola pública ganha 11% mais que o da rede particular". Como isso é possível? Acontece que falar de rede privada, também na educação básica, é falar de um sem número de escolas das mais diversas situações e nem sempre com qualidade.
Qual a relação entre estas notícias? Para mim, a base inicial da conversa está em afirmar que e rede privada de ensino é necessária e importante para a educação do país! Não é possível imaginar (como querem alguns radicais) que somente a escola pública exista. O que não significa fazer da escola privada um curativo para os males que a escola pública não consegue resolver.
Hoje, muitas das escolas particulares existentes cobrem uma lacuna deixada pela escola pública. Várias escolas só existem por haver um público ávido na educação que o governo não consegue oferecer, mas escolas sem nenhum referencial de qualidade. No caso de educação infantil, temos até o termo pejorativo de "depósito de crianças" para alguns estabelecimentos. Desta forma, dizer que o salário da rede municipal é maior não causa tanto susto. O Estadão lembra que escolas bem classificadas ou reconhecidas pagam muito acima do que o município pode pagar. Falar em média, neste caso, é usar as "escolas-tampão" para rebaixar a categoria de escola privada.
Sim, a escola privada é necessária. Mas é igualmente necessário haver escola pública que atenda a todos e tenha qualidade! Desta forma, a escola privada é opção por algum tipo de serviço diferenciado, mas não por ter qualidade - condição que deveria ser essencial para existência de qualquer serviço - incluisve público!
Muito ainda se poderia dizer ao comentarmos o ensino superior. O governo gasta muito neste setor, mas ainda depende muito da iniciativa privada. Nos últimos anos contando com a ajuda do Estado, através de Prouni e outras facilidades - o que não garantiu qualidade ainda... A quantidade de vagas ociosas mostra que o mercado está saturado. Mas o próprio mercado parece estar caminhando para soluções: fusões e aquisições tendem a dar sobrevida àqueles que mostrarem alguma competência. Como deve ser na educação brasiliera...