sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Rede particular precisa se preparar para receber classe C

ROBERTO PRADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Censo Escolar nos mostrou que o número de alunos está diminuindo no país. A análise do MEC nos lembra que a queda não é a mesma em todas as faixas -houve até crescimento na educação profissional, por exemplo.
Também houve crescimento da escola particular. Verdade que não é um grande aumento. Mas na comparação entre redes, em 2002 a escola particular tinha 12,8% dos alunos e em 2010, 14,7%. Por que as curvas diferentes entre particular e pública?
Não me cabe aqui analisar a escola pública. Mas por que a redução da taxa de natalidade -que afetou a escola pública- parece não ter afetado a escola privada?
É óbvio que afetou. Mas a escola particular está ganhando novo público, que estava na escola pública.
Algumas constatações:
1) A escola pública tem melhorado. Mas há muita coisa a ser feita, principalmente na questão de professores. As escolas não têm quadro completo e/ou trabalham com muitos professores desmotivados e/ou despreparados.
2) Via de regra, na particular o aluno tem todas as aulas, cumpre o planejamento.
3) Quem pode pagar por escola particular o faz. Trata-se de investimento no futuro do filho! E temos a "nova classe C", uma fatia da população ávida em consumir, inclusive educação.
Mas "escola particular" abrange um leque de escolas muito diferentes entre si. Fico me perguntando que escola está preparada para esse contingente que chega.
Hoje as escolas particulares estão muito parecidas umas com as outras. Falta diferencial na maioria delas. Qual escola tem essa nova classe C como alvo?
Será necessário investir em qualidade (é o que buscam) com preço baixo (é o que podem). Um ponto em comum com qualquer escola de ponta: investir em educadores qualificados e motivados! É a chave para uma educação cada vez melhor, também na rede pública.

ROBERTO PRADO, ex-diretor do Sieeesp (sindicato das escolas particulares de SP), é gerente da Rede Católica de Educação


Publicado originalmente na Folha de São Paulo, edição de 31/dez/2010.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A escola privada está crescendo? (continuação)

Ok, os números estavam errados... :-(
O post anterior partiu de uma premissa errada, não são 8,6 milhões de alunos na escola privada. Mas as observações feitas não perdem a validade...

Vejamos:

a) Números: existe um arquivo em "pdf" aos interessados, com os números básicos. No site do Inep, em http://www.inep.gov.br/download/censo/2010/apresentacao_divulgacao_censo_2010.pdf.

Neles vemos na página 5 a evolução de matrículas de 2002 a 2010, separados por públicas e privadas. Traduzi nos dois gráficos abaixo:



Repare que as linhas são muito distintas... A tendência é de queda acentuada para as públicas, enquanto existe ligeira elevação nas privadas. Note-se que observei no post anterior: o ano de 2007 foi atípico para as escolas privadas.

Em termos percentuais, a escola privada representa entre 2002 e 2010 uma subida de 12,8% para 14,7%.

Sim. Estou convicto que a 'nova classe c' está chegando na escola privada, pois ela também acredita que a escola pública ainda não oferece qualidade. Resta saber o que as escolas privadas farão para acolher bem esta nova fatia de mercado...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A escola privada está crescendo?

"Quem tem pressa come cru", diz o ditado. Posso ter uma má digestão em breve, mas quero fazer uma análise inicial dos dados do Censo Escolar 2010 que estão sendo divulgados hoje, 20/dez/2010.

Possuo somente estes dados: 51,5 milhões de alunos na educação básica (creche, pré-escola, fundamental, médio, eja e educação especial). Destes, 42,9 milhões estão em escola pública. Logo, temos 8,6 milhões de alunos na escola privada. Isto representa 16,7% das matrículas!

(Nota 21/dez/2010: comi cru... Veja parágrafo de notícia do INEP:
O Censo Escolar 2010 aponta que o Brasil tem 51,5 milhões de estudantes matriculados na educação básica pública e privada – creche, pré-escola, ensino fundamental e médio, educação profissional, especial e de jovens e adultos. Dos 51,5 milhões, 43,9 milhões estudam nas redes públicas (85,4%) e 7,5 milhões em escolas particulares (14,6%).
Inep
Ou seja: há 1 milhão de diferença - a mais para pública, a menos para privada. Todo o efeito que comento fica menor - mas privada ainda ganha alunos e pública perde...)

Eis uma novidade - se os dados forem estes mesmo. O percentual de alunos em escola privada está crescendo. Comparemos por dois ângulos diferentes:

1) Números gerais de anos anteriores:

Em 2005 tínhamos 56,5 milhões de alunos, dos quais 7,4 milhões eram da privada (13,2%);
em 2007 tínhamos 53,0 milhões de alunos, dos quais 6,4 milhões eram da provada (12%).

Assim, os 16,7% de hoje significa um crescimento da escola privada em detrimento da escola pública.

2) Números da escola privada de anos anteriores:

Em 2005 eram 7,4 milhões. Caiu para 6,4 milhões em 2007 e em 2010 sobe para 8,6 milhões! Representa 15,7% mais alunos que em 2005 e 34,7% mais alunos que em 2007.

Significado?

O que significa? Cedo para dizer com precisão. Mas algumas hipóteses possíveis:

a) Durante um período do Censo, as escolas privadas tiveram receio de respondê-lo, por haver informações tidas como confidenciais perante o "cliente" - a família, tais como endereço residencial. Isto pode explicar 2007 e 2008, mas não explica necessariamente 2005 X 2010.

b) A melhoria no poder aquisitivo de boa parte da população (quem vem sendo chamada de nova classe C) fez com que parte do público que frequentava escola pública por absoluta falta de escolha migrasse para a escola privada. Aliás, reparemos que a escola pública teve queda percentual de 2005 para cá: os 42,9 milhões representam 87,5% dos alunos em 2005.

Com certeza outros fatores explicam a redução de alunos na escola pública, como:
  • taxa de natalidade, que está em declínio. Com menos crianças nascendo, menos alunos nas escolas...
  • indice de repetência sendo reduzido. Muitos alunos inflavam as estatísticas ao permanecer vários anos nas mesmas séries.
Mas acredito que, mesmo com dados preliminares, mesmo com números ainda sendo desvendados, podemos dizer que a escola privada ainda é opção preferencial ante as mazelas da escola pública.

Para refletir...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que faz uma escola ser bem classificada em ranking?

Toda vez que acontece uma divulgação de resultados de avaliação, as manchetes acabam sendo as mesmas: rankings e mais rankings, comparações, "quem se deu bem", "quem se deu mal", justificativas, ...

Pois bem. Saiu resultado do PISA 2009. O que nos fez melhorar? Por que ainda estamos abaixo do desejável? Afinal, o que faz uma boa educação? Obviamente a resposta não é tão simples - como pode até parecer em algumas matérias publicadas. Nem única! Há uma série de fatores que ajudam um bom resultado. Vejamos alguns.

- Muitas matérias - inclusive com fala do ministro - falando da necessidade de um professor melhor preparado. Com certeza, uma boa formação ajudaria muito... É um dos principais fatores: formação inicial, formação continuada, incentivos à carreira, ...

- As escolas privadas se sairam melhor que as públicas - o que era esperado. Esperado por quê? Por ter melhores profissionais (condições e salários melhores, baixíssimo índice de ausência), por ser melhor aparelhada (laboratórios, tecnologia, quadras, biblioteca, etc). Mas também por ter alunos com mais condições... Veremos mais sobre isso.

- As escolas federais (normalmente técnicas) tiveram resultado ainda melhor que as privadas. Nem tanta surpresa, o conceito delas já era alto. Por quê? Professores escolhidos e motivados em ambientes bem organizados e preparados ministram aulas em período integral para alunos selecionados. Precisa dizer mais?

- Sul e Sudeste do Brasil têm melhores resultados que Norte e Nordeste. Não seria "por acaso" a mesma idéia do item anterior?

- Distrito Federal foi o melhor resultado brasileiro. Será que além de todos os fatores já mencionados não influiu o fato de ser o maior rendimento per capita do país?

História:
Uma empresa da área educacional queria fazer o 1º lugar no Enem. Das várias escolas que possui, montou uma especial. Todo o equipamento necessário, horário integral, os melhores professores e alunos selecionados.
O que não conseguiu fazer na prova foi buscar na justiça - e tornou-se 1º lugar do Enem...

Sim o aluno (corpo discente) também faz diferença. Nem tanto pelo dinheiro, mas por significar maior cultura. Pais que lêem com regularidade, que frequentam cinemas, teatros, livrarias, que viajam com frequência até para fora do país - coisas que o dinheiro compra. E são justamente estes alunos que recebem o melhor serviço educacional - seja na escola privada, seja na escola federal.

Atenção! Não significa que aluno "sem berço" não tenha salvação. Significa que eles precisariam compensação na escola, precisariam de uma escola ainda mais equipada, capaz de cobrir as lacunas que a família não pode suprir. E justamente, são os que tem a pior escola...

São algumas considerações com a intenção de levantar o debate. Não pretendo ser conclusivo.
Ah! Quer mais polêmica? A resposta ao título deste artigo está na história contada acima... Mas é isso que queremos na educação? Selecionar os melhores e a eles dar condições?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Para que cursar ensino superior???

Primeiramente confesso... O título deste artigo é bastante "marqueteiro" e essa foi a intenção explícita! rsrsrs Desculpe.

Mas foi a pergunta que me fiz ao ler notícia de que "Professores aprendem a utilizar meios de comunicação para atrair alunos" (veja no Clipping). A idéia é muito boa! Imagino que nos professores que aprendem a usar essa nova ferramenta, muitos já estão formados há muitos anos e portanto em processo de reciclagem. Mas tenho certeza que muitos são recém-formados...

Não tenho notícias atualizadas. Assim, a pergunta é de fato uma pergunta: o que se ensina no curso de pedagogia? O que se ensina nas licenciaturas? Ainda é o conceito do professor "dador de aula"?

Se assim for, não é necessário cursar o ensino superior para lecionar. Melhor fazer alguns cursos de formação específicos, como o da reportagem...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dois pesos, duas medidas

Sei não...

Ouvindo o telejornal (é, ouvindo a TV para aproveitar e trabalhar um pouco), chama-me atenção a notícia de que uma condenada americana está para ser executada. Veja, por exemplo, "Hoje é o último dia de Teresa Lewis". Notícia seguinte fala do presidente do Irã discursando na ONU e toda a confusão que isso gerou. Interessante que havia protesto público do lado de fora, pedindo fim da pena de morte por lá...

Lembrei-me que Ahmadinejad, que não é flor que se cheire, tem uma ponta de razão nesse aspecto, quando há dois diasrelacionou os fatos: "Irã critica os silêncio da mídia sobre deficiente condenada à morte os EUA" ou ainda "Ocidente mantém 'dois pesos e duas medidas' sobre pena de morte, diz Irã".

Talvez os mais radicais não aceitem a comparação por ser ele quem é. Sei que existem diferenças importantes entre os casos, tais como lisura do processo de julgamento e modo de execução. Mas...

O resultado final é o mesmo. Pena de morte. Morrer. Ponto.

Talvez no Irã haja uma possibilidade maior de erro. Mas não elimina a possibilidade de erro também nos EUA - que aliás já aconteceu... Por quê, então, no caso dos EUA é legal, possível e legítimo?

Não defendo o Irã, não defendo a pena dada à iraniana Mohammadi-Ashtiani. Mas acho que da mesma forma deveríamos condenar os EUA pela pena de morte. E quem mais a praticar! Ou teremos, sim, dois pesos e duas medidas!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Deixem a escola trabalhar!

Nova matéria na Uol tem como título: "Tramitam no Congresso mais de 250 projetos para criar novas disciplinas ou alterar currículo escolar".

Diz a reportagem:
"Um em quatro projetos de lei sobre educação que tramitam na Câmara e no Senado é sobre alteração curricular -- com criação e inclusão de disciplinas ou mudança no conteúdo ensinado na escola. São mais de 250 propostas com essa intenção, segundo levantamento realizado pelo Observatório da Educação, da ONG Ação Educativa.
Na visão dos parlamentares, os alunos deveriam aprender esperanto, leis e regras de trânsito, como lidar com o dinheiro ou direitos do consumidor, por exemplo. Segundo a Ação Educativa, a maioria dos projetos que incluem novas disciplinas no currículo escolar é voltada para as áreas do meio ambiente e da cultura de paz -- 15 membros do legislativo federal possuem propostas sobre pelo menos um desses dois temas."

Já falei sobre esse assunto algumas vezes... Em junho, por exemplo: "Sufocando a Liberdade". Acredito que já virou palhaçada! E hora ou outra o bom senso voltará (esperança é última que morre?)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A falta que o bom senso faz...

A cada dia estou mais convencido de que sem discernimento este mundo nos engole! A quantidade de absurdos supera qualquer expectativa; as contradições são cada vez mais gritantes; a falta de rumo parece ser normal e corriqueiro.

Como meros consumidores de informação, nos deparamos com centenas de notícias a cada segundo! Precisamos saber separar o que é importante do que é inútil. Ainda como consumidores nos deparamos com notícias contraditórias e ficamos sem saber o que pensar...

É o que tenho visto na questão da tecnologia. Recentemente vimos que "Tecnologia é desculpa mais utilizada por quem não faz lição de casa" (Olhar Digital). Nada mais natural! Para uma geração que não imagina a possibilidade de viver sem tecnologia, ela é também a desculpa. Outra matéria nos alertava que "Estudo vincula uso de redes sociais a desempenho acadêmico inferior" (O Estado de São Paulo) mostrando que o fato de estar permanentemente conectado é prejudicial aos estudos. Não é lógico e óbvio?

Ah! A falta que o bom senso faz... Bom senso de saber evitar exageros de qualquer lado. Não usar tecnologia de uma lado, usá-la desmesuradamente de outro. Não perceber que o mundo mudou de uma lado, querer tudo totalmente novo, desprezando o antigo, de outro.

Tecnologia facilitou a preguiça do aluno, que agora cola trabalhos da internet? "CTRL C + CTRL V: trabalhos escolares "analíticos" dificultam cópias da internet, dizem docentes" (Uol). O mundo mudou. O professor tem que mudar, seu papel é outro. A escola tem que mudar.

Não é a primeira vez que comento sobre tecnologia no ensino. Quer se lembrar? Veja "Afinal, informática ajuda ou atrapalha o ensino?", por exemplo.

E vamos lutar por bom senso!

Outros artigos nesta linha:
Sua escola está pronta para o século XXI?
O Professor e as TICs
Educação e TICs

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Educação: um item supérfluo para o consumidor

Foi uma manchete da Folha Dirigida no dia 13/jul/2010. Achei interessante a tão pequena repercussão! Por tratar-se de site fechado, retomo aqui parte do texto (em itálico) e comento (sem itálico). Ok?

Um dos caminhos para a educação avançar, na visão dos especialistas, é o brasileiro entender o quanto é decisiva a formação educacional para o crescimento de um indivíduo. Este reconhecimento ocorre, em geral, a partir de duas vertentes. Uma é o acompanhamento direto dos pais em relação ao que os filhos aprendem ou não e ao trabalho que é feito na instituição de ensino. Nesta já se sabe que os responsáveis se envolvem bem menos que o aconselhável. Outra forma de avaliar o quanto se valoriza a educação, que, por sinal, tem sido pouco estudada, é saber em que medida a educação é prioridade nos investimentos familiares.

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último mês, lança uma luz sobre este último ponto e revela um quadro que também não é muito animador. A partir de dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), iniciada em 2008 e concluída em 2009, fica evidente que, na lista de prioridades dos gastos da população, o ensino se torna um item quase supérfluo.

(...) A pesquisa feita a partir dos dados do IBGE trouxe, no entanto, uma notícia ainda pior: a participação dos gastos com Educação está em trajetória de queda. Os dispêndios com formação educacional, por parte das famílias, foram mais baixos do que os números da pesquisa anterior, referente aos anos de 2002 e 2003. A participação do investimento dos brasileiros, que, na POF 2002/2003, foi de 4,1%, na atual caiu para 3,0%.

Há razão para esse resultado não significar somente desinteresse por educação. Parte da explicação pela queda dos gastos acontece por haver mais alunos na escola pública - portanto, com gasto menor. Isto até que é positivo, não?

Mas, como diz a matéria acima, não é só isso. Trata-se também de prioridades! E historicamente a sociedade brasileira tem a noção de que educação é importante, mas deve ser gratuito. Outras são as prioridades - o que se torna nítido ao mostrar alguns índices. Vejamos outra parte da matéria.

Duas inferências podem ser feitas a partir destes números: ou os brasileiros efetivamente se preocupam menos com Educação de seus filhos ou, por dificuldades financeiras, os pais têm sido obrigados a recorrer à rede pública, que tem ampliado a oferta de vagas, ao longo dos últimos anos.

Isto é particularmente preocupante para as escolas privadas! A prioridade da educação não se observa na questão financeira! Questão preço e inadimplência sempre estarão na moda...

Quer ver a matéria na íntegra? Folha Dirigida (para cadastrados, gratuito).

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Você é especial?

Estamos sempre ouvindo sobre diferencial... Diferencial competitivo é a saída, dizem! Afinal, do que estamos falando?

Já que muitos dizem ter diferencial, aproveite para perguntar: "Qual?"
Ei! Professor!?! Esta pergunta é também para você!

Algumas respostas são comuns - e falsas...

"Tenho qualidade!" já ouvi dizer. Mas qualidade não é diferencial, é necessidade para sobreviver!

"Tenho foco no cliente!" dizem outros. Minha resposta seria "Não faz nada além da obrigação!" - mas normalmente fico quieto... Se a aula não é para o aluno é para quem?

"Tenho os melhores preços!" também já ouvi. E penso: "Azar o seu!" Pois conheço muitos exemplos de gente que cobra mais e ainda assim tem mais clientes que você...
Buscamos preço ou valor? Pagamos por produtos "ligeiramente" mais caros se acreditamos que é melhor, não? Não existe preço alto, existe valor que o cliente reconhece como justo ou injusto.

Vamos tentar outros termos? Vantagem competitiva.
Vamos traduzir? O que torna sua escola única?

Vejamos 3 coisas que você precisa saber sobre identificar seu diferencial competitivo:

1. É algo que faz você ser único e te diferencia da competição. Você pode ter um ótimo produto, mas se todos também têm, grande coisa! Não há nenhum diferencial. No entanto, se você liga para o cliente e o concorrente não faz isso, bingo! Essa pode ser sua vantagem competitiva.

2. É algo que os clientes valorizam e desejam. Você pode ser a empresa mais antiga no seu campo de atuação ou ter um escritório novinho em folha. No entanto, os consumidores não se importam com nada disso. Seu produto deve ser algo que eles realmente queiram.

3. É quantificável. Está é a chave. “Nós temos um bom atendimento ao consumidor”, isto não quer dizer nada. Agora se você disser ” 90% de nossos novos clientes chegam até nós por indicação de outros clientes”, está é uma afirmação mais confiável. Vá por mim, isto é algo que seus clientes irão apreciar.

(...) Lembre-se sempre de que a “cereja do bolo” é o que vai te diferenciar de seus concorrentes. (texto em azul tirado do site www.saiadolugar.com.br).

Ainda para entender: dois vídeos interessantes tratam de mostrar como ter esse diferencial. Um terceiro fala sobre "clientes" (estão todos aqui, na coluna do lado esquerdo deste blog).

Cabe agora perguntar: e sua escola? Em quê é única para quem? A resposta é um bom começo de seu planejamento. Chego a dizer que esta resposta é a sua salvação! Como concorrer aos grupos cada vez mais fortes na educação brasileira? Veja matéria recente sobre a movimentação do mercado: "Lucro que vem das salas de aula". a relação qualidade e preço continuará sendo obrigação, mas outros maiores terão uma melhor relação que a sua...

Seja diferente! É a mensagem, é o futuro. E não existe receita pronta... Você tem que achar sua saída. É a sua saída. É a sua escola. É o seu futuro... Boa sorte!

Ah! Assuntos correlatos neste blog:
"Sua escola está pronta para o século XXI?"
"A necessária escola privada"
"Não se educa por decreto"

sábado, 14 de agosto de 2010

As distorções do ENEM

Para começar, deixo claro alguns itens:
1) Sou favorável à avaliação das escolas, públicas e privadas.
2) Acredito que o Enem representa um avanço muito grande no objetivo de melhorar a qualidade da educação brasileira.

No entanto quero aqui deixar manisfesto que estão confundindo as coisas, estão fazendo marketing com um instrumento de avaliação! Essa é a distorção!

Veja notícia do dia 13 de agosto no portal iG: "Objetivo ganha direito à revisão de nota no Enem na Justiça". O "ranking de escolas", mentira que toma tom cada vez mais oficial, não deveria existir, visto que o Enem não pretende avaliar as escolas!

Mas aos poucos estamos aceitando a listagem. Até briga por classificação já acontece, como mostra a matéria acima citada. Assim, nós, educadores, não estamos dando um exemplo muito louvável. Reclamamos do ranking - somente quando não estamos no topo da lista...

É uma distorção! O Enem pretende avaliar alunos (com vistas à promoção para o ensino superior). Se pretendesse avaliar escolas, teria que avaliar todos os alunos da escola, o que não ocorre. Promover ranking de escolas com um instrumento que não pretende avaliá-las é, no mínimo, uma mentira. Que acaba servindo de marketing para as escolas que se sobressaem.

Pior ainda: a exemplo do que vemos na matéria do iG, as escolas estão se preparando para o Enem. Dizem (não tenho nenhuma fonte oficial para comprovar) que o Objetivo montou essa escola especificamente para o Enem. Selecionou os melhores alunos, os melhores professores, promoveu período integral com todos os recursos necessários. Quis ter marketing às custas do Enem. Provou que pode sair-se bem promovendo a exclusão...

Se verdade for, lembro que não são os únicos. Algumas escolas estão selecionando seus alunos com vistas à uma classificação no Enem. Afinal, os bem classificados podem aumentar anuidades e terão lista de espera! Ora, isso é uma aberração! Prova alguma coisa? Que todos queremos ser enganados...

Há alguns anos atrás muitas escolas e muitos educadores brigaram contra o ranking. Hoje já são poucos... Vamos nos acostumando, aceitando aos poucos. É uma pena!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

São muitas as variáveis

Notícia de hoje (02/ago) da Folha.com: "Risco de baixo desempenho escolar é maior entre filhos de pais separados, diz pesquisa". Interessante notícia. De acordo com o levantamento, crianças e adolescentes com pais separados têm um risco 46% maior de ter baixo desempenho escolar.

Mas o que chamou-me de fato a atenção é a relação desta notícia com outras... Ranking do Enem, por exemplo.

Para ser bem classificado no Enem precisa algo mais que boas aulas, bons professores, etc etc etc. Precisa-se de corpo discente e docente "especiais"... É o que alguns estão fazendo!

Seleciona-se os melhores alunos. Para eles os melhores professores ministram aulas em turno integral. Funciona. Eu diria: grande novidade...

Agora podemos afirmar ainda mais: a família influi no resultado do Enem. Será que essas escolas vão escolher os alunos levando-se em conta também a situação dos pais???

Fazer a diferença

Hoje fui ao banco. Alguém gosta de fazer esse "passeio"? Acho difícil...
Excesso de gente, excesso de fila, excesso de tempo perdido, excesso de paciência! A começar pela porta giratória: vai-não-vai, passa-não-passa. "Já tirou todas as chaves?" "O cinto é de metal?" "Posso ver a bolsa?" Humilhação a todo momento, para qualquer um.

Pois hoje fui ao banco... Investi-me de vontade, armei-me de paciência e vamos lá! Não tem outro jeito! No caminho entre uma escola que tinha que visitar e uma reunião que tinha que fazer passo numa agência pequena, que nem tinha reparado antes que existia.

Chegando perto da temida porta giratória, vejo um segurança do banco que mais parecia um guarda de trânsito. Orientava quando entrar, quando sair, quem tinha preferência, ...

- Senhor, por favor aguarde um pouco.
- Senhor, pode sair, tenha um bom dia.

Na minha frente um senhor. Macacão sujo de graxa, gente simples. Parecia (e devia estar) nervoso. Chegou a vez dele:

- Por favor, senhor. Deixe tudo de metal aqui. Seu sapato tem ponteira de metal? Então chegue perto do sensor. Ali! Isso... Agora entre. Pare um pouco, espere.

O segurança-do-trânsito entrou na porta. Girou para lá, para cá. Abriu a porta para o senhor. O tratamento dispensado foi fora do normal. Comecei a observar o dito cujo.

Foi até a fila do caixa eletrônico:
- Senhor, esse caixa não faz retirada de dinheiro.
- Senhora, este caixa é preferencial para idosos, venha aqui!

Cada um que saia, cada um que entrava recebia uma fala do segurança-do-trãnsito.

Interessante notar que ele não estava sozinho. Mas os outros dois seguranças eram somente... seguranças! Estavam quietos, atentos a tudo e a todos. Mudos em seus postos.

Aquele segurança-do-trânsito fazia a diferença. Ninguém reclamou da porta giratória, embora alguns tenham sido presos nela. A diferença estava no tratamento. Ninguém se sentia inferiorizado.

Tratar as pessoas como elas deveriam ser tratadas. Essa foi a lição que o segurança me proporcionou... Não chego a dizer que quero voltar no banco (o banco não mudou nada), mas com certeza ele tornou aquela agência diferente. Mais humana.

Seria muito bom se nas nossas escolas tivéssemos muitas pessoas que conseguissem transmitir a mesma sensação positiva que o segurança-do-trânsito, não? O que é necessário para isso?

Talvez mais conhecimento da instituição. Talvez mais responsabilidade e empreendedorismo de todos. Talvez um clima de harmonia em que todos se sintam bem e trabalhando para uma causa comum. Talvez um pouco disso tudo.

Mas com certeza seria uma escola em que gostaria de deixar meus filhos...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sufocando a Liberdade

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei nº9.394, 20/dez/96), dentre uma série de novidades, trouxe uma nova visão da própria Escola. Antes “engessada”, presa no emaranhado de leis e portarias que, mais do que orientar, exigia uma “mesmice”, a LDB reconhece características distintas, a partir das características de sua comunidade escolar. Não pretendo discutir aqui os Sistemas Municipais e Estaduais de Ensino, com regras específicas, mas a “Instituição Privada de Ensino”, na nomenclatura da própria LDB.

Por respeito aos cidadãos incluiu-se a possibilidade de que cada Escola discutisse e estabelecesse o currículo mais apropriado. Além de uma “base nacional comum”, abriu-se espaço para haver “em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela” (artigo 26, LDB). Os “Parâmetros Curriculares Nacionais”, vieram a seguir: as regras estavam postas, sabia-se o que poderia ser feito, como deveria ser feito.

Mas… nem tudo funciona como o previsto. A realidade, por vezes, fala mais alto, e a necessidade de cumprir um currículo pré-determinado pelos exames vestibulares fez com que as escolas tivessem pouco tempo disponível para a parte diversificada: a quantidade de livros a ler e conhecer, a enormindade de conteúdos necessários de cada matéria de vestibular fez com que uma parte da liberdade conquistada pela LDB fosse sufocada. Neste item, o encaminhamento de questões como o ENEM ajudou a reduzir o peso do vestibular, embora ainda estejamos engatinhando na solução.

Cabe lembrar também que os educadores têm parte de culpa nesta história. Não soubemos exercer a liberdade. Presos nos problemas cotidianos, nem mesmo tentamos usufruir da liberdade conquistada. Longe de inovar na parte diversificada, ficávamos a procura de experiências bem sucedidas dos outros, ou da "receita pronta". Com raríssimas exceções, a liberdade foi sufocada também pelo próprio liberto!

No entanto, a situação tende a piorar! Não só os exames vestibulares conspiram contra a liberdade curricular. A tendência regulatória de nosso País, a vontade de criarmos leis para tudo está na base de um novo e real perigo: a quantidade e diversidade de leis que visam obrigar as escolas a incluir temas ou matérias em seu currículo. Pode-se afirmar que há, sempre, uma boa intenção. Mas, podemos afirmar também, que há algum desconhecimento do espírito que permeia a LDB - para não repetir que de boas intenções o inferno está cheio...

Não nego haver aspectos positivos em se acrescentar ao currículo matérias como música, filosofia, psicologia, sociologia, língua espanhola e outras que já chegaram em forma de lei. Quanto aos temas transversais, incluir cultura negra, cultura indígena, história regional, noções de cidadania, educação ambiental, leitura da Bíblia, prevenção às drogas, … Todos são muito válidos e importantes. E todos os exemplos acima já são lei ou procuram fazer com que seja em breve.

Vários dos itens acima já são trabalhados pela grande maioria dos estabelecimentos de ensino. Muitos outros temas, graças aos dados regionais e da clientela de cada escola, estão sendo realizados. Mas, obrigar que todas desenvolvam todas as atividades, certamente fará com que a educação brasileira sofra uma regressão: voltaremos ao engessamento, à mesmice, à falta de condições de desenvolver um currículo adaptado à sua proposta pedagógica e à sua comunidade escolar. Afinal, o tempo é limitado, a “base comum” vai sendo ampliada e, desta forma, a “parte diversificada” deixa de existir.

Pena que poucas pessoas estejam percebendo este perigo. Pena que pouca discussão haja. Nós, educadores, estamos engolindo aos poucos os ingredientes que, se isolados são interessantes, juntos poderão deixar sequelas indesejáveis. Os diversos lobbies (ou alguém duvida que eles existam também nestes casos?) estão sufocando a liberdade.

É preciso resgatar a coragem de pensar! É preciso gritar para que haja espaço para a liberdade! É preciso disutir...

Em tempo: este artigo é uma "releitura" de outro que fiz em 2003. Passam-se os anos e a situação só piora...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O ciclo vicioso e a ajuda da escola

Estava tentando refletir sobre o consumismo quando me deparo com uma manchete do portal Uol: "Violência no mundo cresce e causa impacto anual de US$ 7 trilhões, aponta Índice Global da Paz". Quase entrei em parafuso!

O ciclo da violência é assustador. Vemos que a violência cresce no mundo inteiro. No oriente médio e as eternas brigas entre Israel e Palestinos (entre várias outras). Na África, entre os clãs diferentes dentro de países artificialmente montados. Na Europa, com facções terroristas que insistem em reaparecer de quando em quando. Nos morros cariocas dominados pelo tráfico - e dizem que a chegada da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) só transfere a violência para além dos morros ou para outros morros.

Mas também - e principalmente - para nossos vizinhos em brigas de casais; em bullying nas escolas e na internet (o cyberbullying); em medos, em cercas, em muros, em alarmes, em seguranças, em armas, ... CLIC! Voltei ao consumismo, centro de minhas reflexões antes da notícia! Pretendemos reduzir violência comprando segurança, mas acabamos por gerar mais violência! Dizem que 50% dos impostos pagos pelos estadunidenses vão para o exército americano! Estamos num ciclo assutador, onde o egoísmo e a sede de ter acabarão por nos destruir.

Estamos nos matando! Não somente com armas. Estamos destruindo nosso mundo, acabando com nossa água, poluindo nosso ar, esgotando nossos minérios. Aliás, existe um filme na internet (21 min de duração) já com versão brasileira, chamado "a história das coisas" (está neste blog, no lado direito). Muito bom, vale a pena ver (se preferir original, em inglês com legendas em português, clique aqui).

Resumo do filme: acabamos com a natureza para extrair material que nossa indústria possa processar - gerando lixo tóxico - que vai para o comércio que paga mal para ter bons preços, que nos vende barato mas exige grande circulação de bens nos fazendo descartar logo para ir comprar outro, que gera muito lixo e falta de espaço adequado para ele, falta de tratamento adequado, que gera novo dano à natureza, completando o ciclo e reiniciando o processo auto-destrutivo em que nos encontramos. (propositalmente escrevi frase longa, cansativa e sem ponto - é um ciclo que cansa qualquer um!)

E a escola? Onde está nesse processo? Deveria estar cuidando de formar para o "ser pessoa" e não deixando-nos medir pelo "ter coisas". Deveria gerar paz e impedir o bullying ou qualquer outra violência. Deveria ser fonte de um anti-consumismo exacerbado (ou consumismo consciente). Deveria... Mas pouco vejo de concreto. A escola até faz alguma ação pontual, mas não entra fundo na questão. Arranha o verniz, não trabalha a mudança de cultura, necessária para um mundo de fato melhor. E infelizmente, se não atrapalha esse processo, ajuda a aumentá-lo! Nosso mundo está num ciclo vicioso e a escola está ajudando a manter esse ciclo "rodando".

Fácil? Não é sem dúvida! Receita? Eu não tenho e acredito que ninguém tenha. Mas por algum ponto deveremos começar, antes que seja tarde! Não acha?

sábado, 29 de maio de 2010

Hoje, ser analfabeto é fácil!

Não, não quis dizer que a vida do analfabeto é fácil. Aliás, é cada vez mais difícil. É cada vez mais complicado viver neste mundo sem conseguir ler - entendendo-se por leitura decifrar letras e compreender o que leu...

O que na verdade quis dizer com o título deste artigo é que hoje é muito fácil sentir-se analfabeto! Num mundo frenético, com grande volume de informação e com grande globalização, não basta saber ler para deixar de ser analfabeto... Num título "menos marqueteiro" eu diria que hoje é fácil sentir-se analfabeto.

Já temos consciência do analfabetismo digital, que atinge milhões de adultos e idosos em nosso país. Gente que se atrapalha com as máquinas que já fazem parte de nosso cotidiano em bancos, supermercados e lojas, com cartões, aparelhos celulares, aparelhos de dvd e tantas outras parafernálias eletrônicas...

Agora nos chega uma outra idéia, ainda pouco difundida: 'Unesco alerta sobre perigo de "analfabetismo" entre culturas' nos diz o portal iG. Num mundo globalizado, em que estamos nos comunicando com todo o planeta, em que negociamos em qualquer parte pelos dispositivos eletrônicos que nos acompanham diuturnamente, o bom senso e o respeito mandam cautela e estudo no relacionamento.

"Entender outras culturas é crucial para o sucesso das relações internacionais e muito importante para um futuro pacífico", afirmou Bokova (diretora geral da Unesco).

Mas parece-me que a maioria das escolas ainda não se ateve a esta novidade (nem tão nova assim). Estamos preparando nossos alunos para respeitarem as diferentes culturas? Para respeitar tudo aquilo que difere de suas próprias crenças e costumes?

As vezes acho que nem no próprio país temos esse respeito... Os preconceitos correm soltos entre estados e regiões! Mas, como a diretora da Unesco diz, "é preciso ter "flexibilidade, abertura e humildade" para tratar com os indivíduos de outras culturas"...

Ah! Acho que descobri nossa dificuldade: flexibilidade, abertura e humildade. Temos muito que trabalhar! Afinal, assim como é difícil viver neste mundo sem ler, está ficando cada vez mais difícil viver neste mundo sem repeito, compreensão, intenção de paz e de justiça, ...

Ainda acredito que conseguiremos construir um mundo melhor!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Pai indeciso. Escola perdida.

Muito tem se falado da relação pai-filho-escola. Agora temos uma pesquisa para lançar um pouco de luz na questão. O portal iG publica: "Pais assumem influência sobre desempenho dos filhos".

Como o título indica, os familiares reconhecem ser a maior influência dos filhos no ensino de valores. No entanto, esquizofrenicamente, esses pais acreditam que é papel da escola ensinar valores.

Não vi os dados da pesquisa e falo por conta da matéria publicada. E neste prisma parece-me claro que os pais sabem de sua responsabilidade mas, por insegurança e por falta de tempo, relegam a tarefa para a escola. Só que a escola não recebeu a procuração!

A escola tem um currículo cada vez maior a cumprir. A escola mal consegue manter a disciplina, quando mantem. A escola culpa as dificuldades para não se responsabilizar pelo assunto...

Acho que está na hora de rever a posição. Ambos, pai e escola, têm grande responsabilidade na formação integral da criança / do adolescente.

O pai não pode deixar para a escola tarefa que lhe compete. Mas a escola deve trabalhar na formação integral do ser humano.

Logo, é essencial o resgate do diálogo família-escola. A criança é única e a linguagem deve ser única!

Senhores pais: procurem uma escola cujos valores transmitidos sejam aqueles em que vocês acreditam. Seus filhos agradecem.

Escolas: deixem claro aos pais no que acreditam, como trabalham, quais os limites. Seus alunos agradecem.

sábado, 22 de maio de 2010

Não se educa por decreto!

O jornal "O Globo" publica notícia no dia 23/maio cujo título é preocupante: "MEC vai recomendar o fim da reprovação". Inicialmente uma recomendação para os três primeiros anos do fundamental, mas com expectativa de ampliar para todos os 9 anos desta fase.

Repito: é preocupante! Esclareço: não sou favorável à reprovação... Acontece que para não haver a reprovação não é necessário um decreto (aliás, a meu ver, é até prejudicial), mas um trabalho sério de acompanhamento dos alunos para que a recuperação aconteça ao longo do ano do percurso.

Ainda está fresca na memória de muitos a experiência que alguns tiveram de ciclos de aprendizagem, em que alunos de escolas públicas seguiam sem repetência ao longo dos ciclos. E chegamos a alunos que não sabiam ler ou fazer contas simples no 5º ano. O decreto mandava não repetir, mas se, mesmo sem decreto, houvesse um trabalho sério com os alunos que encontrassem dificuldade o problema estaria resolvido.

Não é assim, por decreto, que a educação melhorará. Será somente por muito trabalho e dedicação. Vamos começar? E então poderemos assumir a bandeira: abaixo a repetência escolar!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Afinal, o que afeta a qualidade da educação?

No dia 5/mai/2010 o portal iG publica matéria cujo título diz que "CNE aprova resolução que cria o CAQi". A sigla significa "Custo Aluno-Qualidade inicial" e trata-se de um projeto que pretende levar qualidade à educação pública do Brasil. Detalhes da proposta estão no arquivo CAQi.pdf.

No dia seguinte, o portal Aprendiz fala de um estudo sobre resultados dos municípios nas avaliações, cujo título é "Desigualdade de renda não afeta qualidade da educação". Quem faz "leitura dinâmica" e lê só o título pode chegar a uma conclusão incorreta...

O estudo conclui que as diferentes áreas dos municípios têm resultados semelhantes. Regiões mas abastadas dos municípios não têm avaliações muito superiores às das regiões mais pobres de um mesmo município. Logo, outras condições influem significativamente no resultado.

Afinal, o que afeta a qualidade da educação? Com certeza trata-se de uma soma de fatores combinados...

O corpo discente certamente influi no resultado. Condições econômicas sim, mas acima de tudo condições culturais das famílias, incentivo à leitura, etc etc etc. O papel da família é muito importante.

O corpo doscente também influi. Mal preparado, mal pago, sofrendo violência, tem dificuldade em ensinar, em avaliar e ser avaliado.

O envolvimento da comunidade contribui para a qualidade da educação - mas pouco é envolvida no processo.

As políticas educacionais podem contribuir bastante. A falta de rumo (cada governo equivale a um novo começo), as políticas equivocadas (as vezes nem tanto na concepção mas na sua execução).

Trazer qualidade para a escola pública é louvável. Mas acredito que além de quantias financeiras, falamos de um conjunto de medidas importantes e necessárias. Dentre elas, a principal, na minha opinião: uma política construída coletivamente e que seja levada por qualquer governante de plantão.

sábado, 1 de maio de 2010

Educação e TICs

Notícia no iG dá como subtítulo: "Países estão à frente do Brasil quando o assunto é Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na Educação". e não estava falando de países europeus, mas do Chile e do Uruguai.

Ainda temos muito que aprender quando falamos de Educação. Diz a matéria: "Enquanto o País ainda não definiu uma política integrada de validação e aplicação de padrões de práticas pedagógicas envolvendo tecnologia, os chilenos já criaram um método que avalia o impacto do uso dessas tecnologias pelo programa Enlaces e os uruguaios implementaram o Plano Ceibal, que distribuiu computador a quase 100% dos estudantes e professores do primário (ensino fundamental) de escolas públicas."

Ainda estamos iniciando o projeto UCA (Um Computador por Aluno, ou OLPC em inglês). Até se entende, pelas dimensões de nosso país. Mas precisaríamos ser mais ágeis na definição política e menos volúveis na sua aplicação. Ou estaremos sempre correndo para tirar o atraso.

Em Alice no país dos espelhos,Lewis Carrol diz que "É preciso correr muito para ficar no mesmo lugar. Se você quer chegar a outro lugar, corra duas vezes mais." Vamos correr mais?

Até que ponto o problema é dinheiro?

Atualizado 02/mai, 12:20

Notícia recente no portal Envolverde tinha como título: "Educação básica pública brasileira precisa de mais R$ 29 bilhões, diz campanha". Quem sou eu para contestar?! Mas, embora concorde com a idéia de que é preciso mais dinheiro para a educação, acho que seria mais produtivo se. antes de aumentar o bolo, pudéssemos ver uma boa aplicação do que já está disponível!

A própria matéria vai além: "“O valor representa cerca de 1% do PIB [Produto Interno Bruto] do país. Não é um esforço impossível da União. Cada vez mais ela é capaz de cumprir o CAQi”, afirmou o coordenador geral da Campanha Nacional pela Educação, Daniel Cara, durante debate realizado na última quarta-feira (28/4) em São Paulo (SP). “O MEC [Ministério da Educação] divulgou que tem aumentado o recurso. Mas a participação da União na Educação Básica ainda não é substancial”. "

Sim! Um dos problemas está na desigual distribuição entre os segmentos! O governo gasta com ensino superior acima da média dos países - inclusive de primeiro mundo. E gasta bem abaixo da média na educação básica.

No dia 02/mai/2010 matéria do iG diz que "Recursos não garantem bom ensino, aponta estudo". Confirma o que todos sabem... "Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, dinheiro explica apenas 50% dos resultados de desempenho de uma escola, cidade ou Estado. O restante depende de boa gestão, projetos pedagógicos consistentes e envolvimento."

Resumindo: gasto é mal distribuído e mal usado. E o investimento deve priorizar gestão e projetos pedagógicos - incluindo muito treinamento para o professor!

terça-feira, 27 de abril de 2010

O Professor e as TICs

Se você não está acostumado no assunto, primeiro um aviso: TIC não é um gesto nervoso (sic!), mas sigla de Tecnologia de Informação e Comunicação, ok? rsrsrs

Foi notícia na Agência Brasil: Professores devem ser mais bem preparados para lidar com tecnologia da informação, diz especialista. Comentário feito em evento em Brasília promovido pela Unesco. Parece uma afirmação óbvia, mas nunca é demais dizer.

Em todos os eventos que participei para tratar de tecnologia em sala de aula, inclusive fora do país, sempre acabou com a mesma conclusão: para cada real investido em máquinas e softwares, no mínimo outro real deve ser gasto na formação dos educadores. Infelizmente muitas das tentativas falharam nesse quesito.

Se reparar nos posts abaixo, de maneiras diferentes e situações diferentes, a frase a ser repisada é FORMAR BONS PROFESSORES. Tão simples e tão complicado!

domingo, 25 de abril de 2010

Chile aprova mudança de horários de aulas para alunos assistirem à Copa

Notícia de O Estado de São Paulo.
A Câmara dos Deputados do Chile aprovou nesta quinta-feira, 22, um acordo para pedir ao Ministério da Educação a flexibilização dos horários de aula durante a próxima Copa do Mundo, para que os estudantes possam assistir aos jogos da seleção chilena.

Bom estarmos no Brasil, né? Com ou sem lei, o país vai parar durante a copa - não só durante os jogos da seleção brasileira. Aí fico pensando... 200 dias letivos? Como? Aliás, se pensarmos na sociedade, será que temos 200 dias de efetivo trabalho nas empresas, nas fábricas?

Sim, sei que temos até mais que isso, mas... haja feriado, haja comemoração! Bom seria aproveitar o momento e estipular uma nova lei, simples, rápida e curta:

Se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta? É... só rindo mesmo!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Repetir até a exaustão: professor é a chave da educação!

Parece que não se cansam de ouvir. Então muitos não se cansam de falar...
O professor é a chave da educação! Sim, há influência da tecnologia, do ambiente, até da genética. Uma escola bem cuidada, bem equipada ajuda.

Mas o essencial é o bom professor! A última confirmação está em O Estado de São Paulo de hoje (23/abr/2010): Professor ruim reprime potencial de bom aluno, mostra estudo.

Se todos sabem que assim é... Por quê continuamos a formar professores como no século passado? Por quê tão pouca valorização para esta profissão (e não falo só em salário)?

Como melhorar educação sem priorizar o professor? Todos falam assim, poucos agem de acordo! Não acha?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dois bilhões de laptops podem ser insuficientes para educar

Este é o título de uma matéria publicada pelo portal Terra.
OLPC... Eis um projeto polêmico! Talvez, como tudo que exagere na dose, o projeto precise "cair na real".

Para ficar só no que escreve a reportagem, "O objetivo é permitir que cada uma dos dois bilhões de crianças nos países em desenvolvimento tenha um laptop." Mas, como aliás comenta o próprio título, a notícia continua:

"Ele diz que essas iniciativas se baseiam no mito de que 'a tecnologia é o gargalo, nos países em desenvolvimento'.

Muitas outras coisas também representam gargalos, diz 'entre as quais limitações institucionais, situação econômica, infraestrutura básica de serviços e situação política. E tecnologia tampouco deve ser entendida como sinônimo de educação'.
"

Ah bom... Voltamos ao problema de formar bons professores, de oferecer condições adequadas na escola, de alimentação aos alunos, de cultura à população, ... Para educar, precisamos gente com ética, que também está em falta!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Apostilas ou livros? Restringe ou auxilia?

No início deste mês de abril matéria da Folha de São Paulo (replicada em vários meios de comunicação) davam conta de que "Escolas usam apostilas não avaliadas pelo MEC". Basicamente, o resumo é o seguinte: "Os tradicionais livros didáticos perdem cada vez mais espaço para as apostilas elaboradas por redes de ensino privado."

O que é apostila? O que é livro? O que diferencia apostila de livro? As redes de ensino têm livro ou apostila?

Basicamente, livro é o material com autor(es) conhecido(s), diferente de uma apostila que faz uma colagem de artigos e assuntos; o livro está registrado na Biblioteca Nacional e possui ISBN ( International Standard Book Number ).

Mas, diferentemente do que pensam muitos livro pode ser material "espiralado"! Tudo isto para dizer que antes de mais nada, deve-se perceber que material de redes de ensino pode ser livro e não apostila. Ao menos no caso da Rede Católica de Educação, onde trabalho, é!

Portanto, falamos de "escolas que usam livros não avaliados pelo MEC", ok? Então vejamos as principais críticas ao sistema:

* o sistema pode tirar a autonomia do professor:
Um sistema de qualidade pode até oferecer maior autonomia ao professor, por dar mais clareza ao processo educativo da escola inteira. Querer autonomia do professor, neste caso, parece ser interessante do ponto de vista individual, mas falamos de uma escola inteira! Se a autonomia de cada professor for de fato exercida na escola, haverá uma colcha de retalhos que só prejudicará o ensino. O que pode tirar a autonomia do professor é a má gestão da sala de aula, tanto por ele mesmo como pela escola.

* em alguns casos, dar pouca margem para trabalhar conteúdos regionais:
Acredito que esta afirmação trás um conceito de livro muito atrasado! O livro é um instrumento na mão do professor - somente isso. Um importante instrumento, mas nada além disso. Não cabe ao livro traçar todas as regionalidades ou todas as diferentes características de cada comunidade escolar. Cabe ao professor programar suas aulas para a partir do livro e de outros materiais tratar o diferente quando achar conveniente. Novamente dá autonomia ao professor.

Quanto à falta de avaliação do MEC, de fato, poderia ser interessante que houvesse uma segurança maior. É possível haver material de péssima qualidade sendo usada. Só lembro que o MEC poderia avaliar se assim o quisesse. E também que avaliação do MEC não é necessariamente garantia de qualidade.

Para discutirmos...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Novamente! Escola particular na mira!

Numa atitude típica do governo atual, onde a democracia é melhor para os amigos e partidários, organizou-se um Congresso Nacional de Educação (CONAE) que tinha por objetivo principal subsidiar o novo Plano Nacional de Educação.

A quantidade de notícias foi grande! Quem acompanha o clipping que desenvolvo recebeu link para quase 100 notícias diferentes - e foi só um resumo. Deu de tudo, de avanço e de retrocesso.

Mas e a discussão sobre o particular? Notícia no portal Terra:

"Participantes divergem sobre setor privado na Conae
Delegados e observadores tiveram opiniões diferentes sobre a presença do setor privado nos debates da Conferência Nacional da Educação (Conae), que tem como principal missão traçar as diretrizes para o próximo Plano Nacional de Educação que irá vigorar de 2011 a 2020 e deve orientar os investimentos em educação e as prioridades do país na área.

Segundo a pedagoga do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) no Espírito Santo, Fabiana Cristina Lírio, "as dicussões sobre o privado" - ou mesmo a menção ao mesmo - "aparecem muito pouco"."Quando você está no setor privado, você tem um outro tratamento. Muitas vezes o setor privado acaba não dando os direitos que existem no setor público, e isso causa uma frustração", afirmou. (...)"

Na Agência Brasil, o título dizia: "Conae defende fim de convênios com creches". Eis uma idéia possível. Mas não parou aí...

O Estado de São Paulo anunciou:

"Nova agência regularia educação particular

A criação de uma agência reguladora da educação privada no País é uma das propostas que devem constar no novo Plano Nacional de Educação (PNE). O objetivo seria aumentar o controle sobre os materiais didáticos utilizados na educação básica e sobre a qualidade dos cursos e das instituições do ensino superior.

A proposta foi debatida e aprovada na Conferência Nacional de Educação (Conae), que ocorreu na semana passada em Brasília. Segundo o coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a viabilidade da sugestão ainda vai ser analisada.

“Com ou sem uma agência, o que ficou definido na Conae quase por unanimidade é que a educação privada precisa ser regulada”, explica. Segundo ele, o surgimento de um órgão que monitore especialmente as instituições particulares de ensino superior não desqualifica o trabalho que o Ministério da Educação (MEC) vem desenvolvendo. "

E aí a coisa começa a complicar! Veja também matéria do portal Envolverde: "Plano Nacional de Educação terá proposta para apertar controle de ensino privado".

Alguns já se manifestaram. Veja por exemplo:

Editorial do jornal Zero Hora - Intervencionismo na Educação

Artigo publicado no Jornal de Santa Catarina - Defensor das escolas particulares, de Nelson Valente.

Na discussão relembro minha visita pelo Canadá para conhecer o sistema de ensino daquele país (já se vão quase 10 anos). E lá cada estado (província) é soberano na escolha.

Assim, temos estados totalmente regulados - mas também totalmente financiados pelo Estado. Explico: a escola privada pode existir mas tem um conjunto enorme de regras para funcionar. Mas quem paga pelos alunos ali matriculados é o próprio Estado. Caso de Quebec, por exemplo.

Mas existem as províncias em que basta ter gente interessada em pagar por suas aulas para abrir uma escola! Caso de Ontario. Você quer abrir uma escola? Abra... Mas o risco é totalmente seu, não há nenhum tipo de intervenção do governo - nem na questão pedagógica nem na questão financeira. Estas escolas pagam todos os impostos, cobram o que querem e sobrevivem se puderem!

Vejo na comparação o principal problema do Brasil. Os radicais de plantão querem ao mesmo tempo uma empresa "comum" (pagando todos os impostos, sem nenhuma ajuda) e uma empresa totalmente regulada pelo Estado! Isso não existe! Não é possível!

Querem mesmo regular o ensino privado no país? Eu também quero e acho necessário! Mas tenhamos bom senso de reconhecer que sem a escola privada este país seria muito mais pobre. quero uma escola pública de qualidade! Mas que a escola privada tenha a possibilidade de existir. Vamos caminhar nesta discussão?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Conferência de Educação quer 20 alunos por sala de aula no ensino fundamental

Foi notícia geral, aqui pela UOL (para assinantes):

"Representantes da sociedade civil decidiram, nesta quarta-feira (31), na Conae (Conferência Nacional de Educação), que o número de alunos por sala de aula deve diminuir. Foi aprovada uma proposta para que todas as turmas tenham cinco estudantes a menos do que o indicado atualmente.

Pelo texto da Conae, as turmas da pré-escola devem diminuir de 20 para 15 alunos; as do ensino fundamental, de 25 para 20; as de ensino médio, de 30 para 25; e, finalmente, as de ensino superior, de 35, para 30.

Vale lembrar que estes números são indicativos, mas há muitas escolas que não os colocam em prática."

Não sei, mas as vezes parece que as pessoas não têm senso de realidade. Nem a indicação atual é cumprida... e não se cumpre por vários motivos, inclusive por falta de condições financeiras (custo da medida é muito alto).

Não sou pedagogo, mas acredito que mesmo na área podemos discutir a validade desta medida. Então... qual o motivo desta discussão? Só serve para dar dor de cabeça aos mantenedores de escolas particulares!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Colégios "top" mapeiam ex-estudantes

Notícia da Folha Online, interessante!

FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo

Na tentativa de diminuir o peso do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como indicador de qualidade, colégios particulares de São Paulo decidiram criar avaliação própria. Por meio do Datafolha, entrevistaram 1.500 ex-estudantes, para apurar itens como salário atual dos egressos e autoavaliação em relação ao poder de negociação.

Participaram da pesquisa, que será anual, 11 escolas (entre eles Bandeirantes, Vera Cruz, Oswald de Andrade, Gracinha e Lourenço Castanho). A posição delas no último Enem varia de 2º a 140º, num universo de 423 colégios privados paulistanos.

As escolas dizem que os dados, inéditos no país, serão usados para corrigir seus pontos fracos e para apresentar melhor a instituição aos pais, tanto aos que já têm filhos estudando no colégio quanto aos interessados em uma vaga.

Os resultados estão em fase final de tabulação, mas já está claro que os ex-alunos (são considerados no levantamento somente aqueles se formaram nas escolas) se autoavaliam mais positivamente nos itens ética, comprometimento e postura; as notas mais baixas são para negociação, raciocínio numérico e responsabilidade social. As escolas, cuja média de mensalidade é de R$ 1.650, foram bem avaliadas (nota 8,7).

Dos ex-estudantes, 73% se graduaram em uma universidade privada -- PUC é a preferida. Os cursos universitários mais procurados pelos egressos foram administração, direito e engenharia.

Avaliação ampla

"Hoje o pai só sabe a mensalidade e a nota no Enem. Se o aluno daquela escola não sabe trabalhar em grupo ou negociar, o exame não mostra", afirma Eugênio Machado Cordaro, diretor do Oswald de Andrade e um dos coordenadores da pesquisa (delineada pelo Instituto Eduqual).

Cada colégio receberá relatório individual, com os resultados de seus egressos. A ideia é expandir a pesquisa para outras escolas nos próximos anos.

"Não sejamos ingênuos. Há uma grande disputa por alunos, e esses colégios cobram caro. As informações serão usadas para convencer pais", afirma a professora Angela Soligo, da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

"Tomara que [as informações] sejam usadas também para melhorar o ensino. O pai deve estar atento ao que será mostrado", completa a pesquisadora.

Sedentarismo

Um dos pontos que mais preocuparam as escolas foi o sedentarismo: aproximadamente 35% dos ex-estudantes disseram que não praticam exercícios regularmente.

"Teremos de repensar como abordamos o físico, a alimentação saudável. Temos focado mais as atividades intelectuais, que são importantes, mas isso não é tudo", diz Cordaro, coordenador do levantamento.

"A aula de educação física é descolada da aula de ciências. Isso precisa mudar", afirma Sylvia Figueiredo Gouvêa, diretora do Lourenço Castanho e assessora da pesquisa.

terça-feira, 30 de março de 2010

Afinal, informática ajuda ou atrapalha o ensino?

É uma questão antiga – ao menos na linha de tempo da tecnologia, em que tudo acontece rapidamente. Desde que computadores se tornaram acessíveis a boa parte de nossos alunos que existe a discussão.

Alguns afirmam que atrapalha o rendimento escolar. Pesquisas nos EUA comprovam. Na Inglaterra há quem advogue o fim da “parafernália eletrônica” em sala de aula. A Unicamp divulgou pesquisa em 2008 com as mesmas conclusões.

Será verdade? Informática atrapalha o aprendizado? Então temos que rever vários conceitos? Como fica o OLPC (One laptop per child), por exemplo? Vemos do outro lado vários educadores que apontam as vantagens do uso da tecnologia na escola.

Afinal, informática ajuda ou atrapalha o ensino? Vejamos alguns aspectos.

O professor em sala
Na sala de aula, vários recursos são utilizados há tempos. Microscópios, mapas e até mesmo o “bom e velho” quadro negro e giz – que na modernidade transformou-se em quadro branco e caneta especial. São recursos importantes, mas são apenas instrumentos. Podem ser bem ou mal utilizados. Depende do professor!

Um bom professor, um professor preparado, terá condições de oferecer uma excelente aula ainda que só tenha a sua disposição sucata... Pode ser uma aula embaixo de uma árvore.

Se um mapa não surte o efeito desejado em aula, cabe ao professor rever sua estratégia ou mesmo procurar outros recursos. Assim também com a tecnologia da informação (TI), com a informática. O professor é a chave de uma boa educação. O recurso mais importante da escola é o humano!

O professor e a tecnologia
Acontece que hoje muitos adultos ainda têm dificuldade em utilizar os novos equipamentos – e o professor em muitos casos segue esta regra. O instrumento que pode ser muito poderoso mostra-se mal utilizado, por falta de intimidade do professor com a ferramenta. Neste sentido, a escola também tem sua grande parcela de responsabilidade. Antes de montar o laboratório de informática é preciso saber o que se quer com a informática...

Se o cerne da boa educação está no elemento humano, deve-se investir em sua capacitação, tanto quanto na compra das máquinas e programas.

O aluno e a tecnologia
No entanto, a criança de hoje – nosso aluno – já nasce imerso no mundo da tecnologia. Manipular celulares, ipods, notebooks e outros aparelhos é algo simples e parte do cotidiano.

Desta forma, o uso da tecnologia em sala de aula torna-se importante para atrair o aluno, para fazê-lo aprender a partir de sua realidade. Mas... simplesmente "ter o computador"? Fará com que os alunos se divirtam muito com blogs, fotologs, "orkut"s e "msn"s da vida... E ao invés de ajudar nos estudos, atrapalhará os estudos.

Uma possível conclusão
O título deste artigo é uma pergunta. Você, caro leitor, já tem a sua resposta? A minha é simples. A informática, em si, nem ajuda nem atrapalha. Como o livro didático, em si, não ajuda nem atrapalha. Mas o uso que se fará desta ferramenta pode ajudar ou atrapalhar.

Falamos que um recurso importante, com grande potencialidade! Na Era de Informação não é possível desprezar a capacidade de aprendizagem através da internet.

Moacir Gadotti, professor da Faculdade de Educação da USP, tem uma imagem que gosto muito de usar: “Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse mar do conhecimento”. A tecnologia da informação está aí. As máquinas vieram para modificar nosso cotidiano. Cabe à escola e ao professor orientar o aluno para que ele saiba navegar no mundo que está ao alcance de suas mãos. E para isso o papel da informática é essencial. Mas continua sendo apenas um instrumento...

Não acha?

segunda-feira, 29 de março de 2010

A necessária escola privada

Nos últimos dias tivemos uma série de notícias envolvendo a escola privada. Vale a pena tentarmos analisá-las em conjunto.

No portal "Folha Online" a manchete anunciava que "Educação exige presença do setor privado". Especialistas de 120 países, reunidos em Doha (Qatar) chegaram a esta conclusão. Afirma-se que somente os Governos não conseguirão dar conta de garantir o direito à Educação. Tema polêmico, mas "mesmo gestores que sempre defenderam o financiamento estatal como modelo único para a universalização da educação, caso do ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, começam a jogar a toalha." Há, sim, um importante papel da educação privada - mesmo sendo secundário, alternativo, complementar.

Outra notícia (agora no portal Terra, falando do Censo do Ensino Superior, lembra "Brasil: 75% dos estudantes estão em universidades privadas". O ensino superior é, de fato, surpreendente no país. O governo federal se vangloria de aumentar a quantidade de jovens com ensino superior. Mas o próprio MEC reconhece que não conseguirá atingir a meta de 30% dos jovens até 2011. E o que consegue, é graças a grande ajuda no setor privado.

E o Estadão nos conta que em São Paulo, "Professor de escola pública ganha 11% mais que o da rede particular". Como isso é possível? Acontece que falar de rede privada, também na educação básica, é falar de um sem número de escolas das mais diversas situações e nem sempre com qualidade.

Qual a relação entre estas notícias? Para mim, a base inicial da conversa está em afirmar que e rede privada de ensino é necessária e importante para a educação do país! Não é possível imaginar (como querem alguns radicais) que somente a escola pública exista. O que não significa fazer da escola privada um curativo para os males que a escola pública não consegue resolver.

Hoje, muitas das escolas particulares existentes cobrem uma lacuna deixada pela escola pública. Várias escolas só existem por haver um público ávido na educação que o governo não consegue oferecer, mas escolas sem nenhum referencial de qualidade. No caso de educação infantil, temos até o termo pejorativo de "depósito de crianças" para alguns estabelecimentos. Desta forma, dizer que o salário da rede municipal é maior não causa tanto susto. O Estadão lembra que escolas bem classificadas ou reconhecidas pagam muito acima do que o município pode pagar. Falar em média, neste caso, é usar as "escolas-tampão" para rebaixar a categoria de escola privada.

Sim, a escola privada é necessária. Mas é igualmente necessário haver escola pública que atenda a todos e tenha qualidade! Desta forma, a escola privada é opção por algum tipo de serviço diferenciado, mas não por ter qualidade - condição que deveria ser essencial para existência de qualquer serviço - incluisve público!

Muito ainda se poderia dizer ao comentarmos o ensino superior. O governo gasta muito neste setor, mas ainda depende muito da iniciativa privada. Nos últimos anos contando com a ajuda do Estado, através de Prouni e outras facilidades - o que não garantiu qualidade ainda... A quantidade de vagas ociosas mostra que o mercado está saturado. Mas o próprio mercado parece estar caminhando para soluções: fusões e aquisições tendem a dar sobrevida àqueles que mostrarem alguma competência. Como deve ser na educação brasiliera...

sexta-feira, 26 de março de 2010

A (falta de) ética na escola

Notícia de "O Estado de São Paulo" do dia 02 de novembro destaca: Quem cola mente mais, diz estudo. Fala que uma pesquisa mostra que atitudes na escola refletem as da vida adulta. Será que precisávamos mesmo de uma pesquisa para saber isso?

"Uma vez mentiroso, sempre mentiroso", costumam dizer os pais. Um estudo nacional feito nos Estados Unidos garante que existe verdade nisso. Os resultados mostram que pessoas que colaram em exames no ensino médio são consideravelmente mais propensas a serem desonestas na vida adulta, segundo um relatório divulgado pelo Josephson Institute of Ethics, em Los Angeles.

Como podemos encarar o recente caso da "universitária de vestido curto" da Uniban? Pior de tudo: o tema é antigo e se repete constantemente. Há alguns anos escrevi um artigo (nem lembro para qual revista ou jornal) chamado "O exemplo que vem de cima". Vale a pena repetí-lo aqui...

Hoje, quase todas as notícias veiculadas nos remetem a um único assunto: a crise de valores, a ausência de ética, a desonestidade deslavada e generalizada. Termos como “mensalão” já se tornaram cotidianos, e a indignação inicial, aos poucos, transforma-se em resignação.

Dólares na cueca? Motivo de riso. Caixa 2? Todo mundo tem. Compra de voto? Sempre foi assim. Pirataria? O original é caro. Sonegar impostos? Forma de sobrevivência. Pagar propina? Só assim acontece. E por aí vai... Respostas simples, simplistas e cínicas acabam por nos fazer acreditar que tem que ser assim.

Está nos faltando indignação! Não aquela emocional, de momento, que temos ao tomar conhecimento do fato. Falta-nos manter o inconformismo o quanto for necessário, até que as mudanças aconteçam.

Como está, o que esperar do futuro de nosso país? Crianças que aprendem a conviver com esses temas como algo normal serão melhores governantes?

A Escola tem um papel primordial nesta questão. A Escola deve ser a primeira a mostrar sua indignação, a primeira a solicitar uma mudança de postura da socidade como um todo. Mais ainda se falamos de uma Escola Católica!

E não basta a revolta manifesta com tudo que se apresenta nos noticiários. É preciso dar o exemplo, já que ele não vem de cima.

Não podemos praticar ou deixar que pratiquem pirataria – seja programas de computador que permitimos em nossos laboratórios, seja a reprografia de livros que não vemos acontecer em nossas dependências.

Não podemos deixar de fazer o justo por que a concorrência também não pratica. Não podemos aceitar propostas indecorosas de fiscais, quaisquer que sejam, para “facilitar nossa vida”. Em resumo, não podemos fazer como todos fazem!

Também é necessário ampliarmos cada vez mais a educação para a ética, para a honestidade, para a cidadania, para os valores. E nesta perspectiva, a intolerância para temas banais como a “cola” deve ser retomada e repisada à exaustão.

Afinal, se hoje rimos quando os alunos nos dizem que “quem não cola não sai da escola”, provavelmente, apesar de todos os nossos esforços, todos estaremos rindo quando estes mesmos alunos estiverem com dólares na cueca...

Retomo e concluo. Sim, precisamos mostrar nossa indignação com essa crise política que se apresenta há alguns meses. Mas não basta falar do exemplo que não vem de cima: devemos dar nosso exemplo de que é possível uma sociedade mais ética, mais justa, mais honesta.

“Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te” (Ap 3, 16). Não existe meio termo! Ou se é honesto, ou se é desonesto. Com tudo que se apresenta nos jornais, este parece ser o grande desafio da educação moderna brasileira.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Quem quer ser professor? A falência da Educação Brasileira!

Eis uma pergunta que tem sido feita com frequência nos últimos tempos: quem quer ser professor? E as respostas nunca são muito animadoras...

A falta de professores é alarmante, ainda que o MEC esteja em meio a uma campanha para que cada vez mais pessoas se interessem pela profissão. Ainda que o MEC providencie cursos para formar os atuais profissionais. Mesmo assim, a Educação básica não atrai interesse dos professores, afirma o portal CNTE em matéria do dia 20/set.

O professor atual está doente, como aponta notícia do Jornal do Brasil de 21/set, publicada no portal CNTE. "(...) Sem este intervalo para descanso (férias unificadas) e com o agravamento por outros problemas, como salas de aula superlotadas e a trabalho em áreas consideradas de risco, os educadores cariocas estão ficando doentes, com problemas de voz, estresse, depressão e outros malefícios, cada vez mais comuns atualmente." Só confirma matéira publicada dia 15/set: Professores estão ficando doentes com mais frequência. Ou o Correio Braziliense de 14/set que afirma: "Emocional afasta professores"

O professor que ainda briga para instituir um piso nacional - que já é lei mas que aida não é realidade. Professor que tem uma formação deficiente, causando um círculo vicioso como mostra a notícia "Saída do círculo vicioso está no ensino fundamental" do Estado de São Paulo de 05/set publicada no portal CNTE.

Precisa lembrar da violência? Professores apanhando em vários estados tornam-se notícia frequente. Com tudo isso, o portal CGC Educação publica no dia 23/set que o "MEC traça o perfil de quem quer ser professor no Brasil". Continua a matéria: "Uma das variáveis mais importantes para melhorar a qualidade da educação no Brasil – atrair os alunos mais talentosos para a carreira docente – está longe de ser realidade no Brasil. Pelo menos é o que revela um estudo do Ministério da Educação com base nos dados do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, sobre o perfil do brasileiro que pretender ser professor: mulher, estudante de escola pública, renda familiar de até dois salários mínimos, tem mãe que nunca estudou e tirou nota abaixo de 20 no Enem (na escala de 0 a 100)."

Tinha como ser diferente? Pena saber que "um relatório da consultoria McKinsey e Company, de 2007, indica que todos os dez países com as melhores notas no Programme for International Student Assessment (Pisa) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) selecionam os professores dentre os 30% melhores graduados.´"

É... Estamos muito longe de uma educação de qualidade...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sua escola está pronta para o século XXI?

Notícia de capa da Revista IstoÉ de 16/set/2009 (nº 2079) começa afirmando: "Revolução na Escola"! A revolução do título diz respeito ao novo Enem e as alterações que devem acontecer a partir daí: "Como o novo Enem vai mudar a forma de transmitir e avaliar o conhecimento nas instituições de ensino. E essas transformações começam na alfabetização".

A título de reflexão, vamos nos lembrar também de notícia atual sobre o "Ensino Médio Inovador", projeto do MEC que altera substancialmente a proposta de ensino no Ensino Médio (veja documento orientador em arquivo "pdf"). De acordo com o próprio MEC, "A intenção é estimular as redes estaduais de educação a pensar novas soluções que diversifiquem os currículos com atividades integradoras, a partir dos eixos trabalho, ciência, tecnologia e cultura, para melhorar a qualidade da educação oferecida nessa fase de ensino e torná-la mais atraente."

Você já reparou no que está acontecendo? A escola que conhecemos era razoável para a era industrial. Mas estamos em outra era! Da informação? Do conhecimento? Da tecnologia? Das Redes? Seja lá qual for, outra escola é necessária e as últimas investidas governamentais apontam para profunda alteração.

Palavras de Moacir Gadotti: "Como diz Ladislau Dowbor, a escola deixará de ser “lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”. (...) Mas, para isso, não basta “modernizá-la”, como querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente."

Sim, encontraremos pela frente muitas dificuldades! Não existe "fórmula mágica", "receita de bolo"... Há problema com custo, tempo de estudo/implantação, formação de professores, perfil (e respectiva aceitação) dos familiares dos alunos, etc etc etc.

Mas você vai ficar parado? Em breve estará obsoleto, será peça de museu... Cuidado! Perceba a tendência!

segunda-feira, 1 de março de 2010

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